terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Notas

"Estou contigo mas não estou aqui
Estou aqui mas não estou contigo
Quando te seguro na mão não é em ti que toco
Quando nos despedimos não dizemos adeus"

Oioai - Sou eu que estou aqui

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

E agora?

Eu queria mas nunca é.
Eu gostava mas sai quase sempre ao contrário.
Hoje foi diferente. Diferente de indiferente. Devia ter custado, mas sorri.
Devia ter sentido medo, mas ele não veio. No momento em que estive triste pensei porquê.
Há alturas que não valem a pena. Não valem sequer dois olhares seguidos, dois pensamentos, duas ideias, duas mãos que as segurem para mostrar aos outros. Não merecem que se pense nelas. Devia-se deixar passar estas alturas que no fundo são até bem baixas. Por falar em fundo, conhecem a voz? A voz de fundo? Aquela que diz para partir? Para procurar de novo? Para esperar de novo? Para começar de novo? Para construir de novo?
Hoje, sou eu que não sei o que quero..

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Surpresa

Surpreendes-me quando dizes que sim. Quando mudas para sim.
Quando abraças planos rasgados em cima do joelho e esgatafunhados em 5 segundos. Ideias rápidas. Tão rápidas que parecem fugir sem se pensar bem nelas.
Surpreendes-me quando confirmas que sim. Que já não sei o que esperar. Sinto que pode ser tudo e tu vens comigo. Se for nada ficas, mas voltas mais tarde. Com tudo.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

De mãos dadas

E sem dar conta...

É como se todas as letras fugissem do abecedário, levando atrás uma multidão de palavras despidas de sentido.
É como se o vento varresse as praias, levando atrás uma multidão de areia desabrigada.
É como se o sol se esquecesse de acordar e tu te esquecesses de olhar para mim, adormecida no mesmo sono.
É como se os ponteiros do relógio andassem ao contrário e dessem as horas com pontos finais.

E de repente....

Cortas-me a fala e dizes que sim.
Os ponteiros voltam a girar e a dar horas em números.
O sol acorda e tu acordas com ele.
Abres os olhos e eu estou lá outra vez.
Vamos ao nosso lugar, agora com a areia perfeitamente ordenada.
Peço-te o ouvido emprestado, agarro-te a mão e digo-te o melhor que consigo, agora que as palavras voltaram.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Different

Solto um sorriso capaz de desembrulhar a maior das caixas.
Leio cada linha como se fosse a única oportunidade para o fazer.
Gravo as palavras dentro da pequena garrafa que continua leve e com espaço para o mundo que pedi.
Aprendi que há coisas que se medem de maneira diferente.
Aprendi que há outras que não têm tamanho, mesmo que uma régua nos diga a distância exacta de uma ponta a outra.
"Há mais marés que marinheiros." , lembras-te?
Caprichosamente, depois da tempestade e de outras marés, estamos no mesmo barco.
Ele está ali e não deixa mentir.

"I've got plans for you and me
I swear upon this riverbed
I'll help you feel young again."

A Fine Frenzy - The Minnow & The Trout

domingo, 2 de agosto de 2009

Diz que disse

Diz que não quando queres dizer talvez, diz talvez quando queres dizer que sim.
Diz que preferes o escuro quando a tua cor favorita é outra.
Diz que estás melhor cá dentro quando não sabes porque ainda cá estás.
Diz que a tua vontade é saltar montes e continua a caminhar descalça pelas pedras do riacho seco.
Diz que gostas de voar quando na verdade tens medo das alturas.
Diz que o teu plano é o nosso quando usas o que é realmente teu.
Diz que tens o mundo à espera quando quem está à espera és tu.

sábado, 1 de agosto de 2009

Nova vida 100 metros ao lado

Paredes brancas reflectem sonhos na madeira gasta mas ainda brilhante. Contam em surdina tudo o que viram e ouviram durante anos, como se a memória as pudesse trair se esperassem mais um dia para falar.
Despejam-se histórias carregadas pelo coração, encontrando sozinhas os recantos onde se sentem melhor. Repara-se com jeitinho que passeiam dentro das mil e uma paredes com um sorriso em cada letra.
Janelas entreabertas dão acesso à brisa de uma paisagem desconhecida e convidativa, mostrando todas as estradas e encruzilhadas que se esperam mal se meta o pé de fora do mundo novo.
As portas estranhamente grandes são ainda assim pequenas para tantos planos.
O corredor que parece copiado de castelo, principescamente largo, diz-nos que tudo está aberto.
Bem-vinda. Vai ser um prazer encher-te de vida.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Silver

I wish my words could change your world.
I wish your words could change my world.

I wish your world could change my words.
I wish my world could change your words.

I wish your words could change your world.
I wish my words could change my world.

I wish our words could change the world.
I wish our world could be the world.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Labirinto

Locked in a room and there's no one ahead, there's no one again.
Locked in your mind. There's someone ahead, but i'm going blind.
Apalpo o chão e embato na monotonia do mesmo retrato de sempre.
A tua imagem fugida num dia preto e branco com muitos pontos. Finais, de interrogação e sem nós. Conhecia um ponto sem nó, mas nunca mais. Sem nós.
Going back and twisting my head, all I can see is you again.
A thousand words and others more. Smashed in the same old wall.
Altero a ordem e voltam a fazer sentido.
Estou trancado num quarto e vejo-te à minha frente, tão bem outra vez.
Estou trancado na tua cabeça e vejo alguém em frente. Tão bem outra vez.
Caminho e desvio-me da monotonia do mesmo retrato de sempre para ver a tua imagem colorida com um ponto. De exclamação. Pontos com nós.
Continuo em frente e tu segues atrás. Tudo o que eu vejo és tu outra vez.
Só existe uma palavra, desenhada para quando quiseres ver.
Na mesma parede de nunca.
Na mesma parede de sempre.

"So roll the windows down and put the car in drive
It's starting to rain a little bit outside."

Sequoyah Prep School - About Rain

quarta-feira, 8 de julho de 2009

História

Há alguém que corre com um sorriso do tamanho de uma distância que em tempos existiu. Há também alguém que persegue o sorriso voando sobre os pés descalços para que ele não desapareça.

"Aonde vais?"
, perguntou.
"Aonde tu não podes chegar sozinha."
"Posso ir contigo?"
"Já estás a vir."
"Estou? Desde quando?"
"Não sei. Quando olhei para o lado já estavas comigo."

terça-feira, 30 de junho de 2009

Hoje é o dia

Permite-me que faça um elogio. Um elogio diferente, que engloba todas as particularidades de uma história também ela diferente. Sem floreados, sem adjectivos exagerados, sem espasmos poéticos. Sem palavras bonitas. Vou abolir aqui tudo o que termina em "inha" e "inho".
Começo a perceber que procurei em todo o lado, de todas as maneiras, com todas as maneiras, e nunca encontrei. Tentei, gostei, detestei, aceitei, aturei, e mais uns quantos verbos terminados em ei que podem definir e explicar o conceito de busca. E o porquê de uma busca de algo que pode não existir. Não é suposto saber que se encontrou algo que nunca se teve. Mas eu sei. Porque já tive. Entretanto senti um frio nas costas, cobri-me e voltei a dormir.
Podia mudar o nome. O meu nome. Deixava o Pedro, acrescentava Álvares Cabral. Mas a minha descoberta é mais pequena que o Brasil. Em metros quadrados. Em tudo o resto é muito maior.
Podia escrever um cartaz, sair à rua e gritar "Saiu-me o Euro milhões sem ter jogado. Deus pagou-me. Em géneros." Ou em género para ser mais preciso. Um género diferente que eu muitas vezes apelido de parvo, outras vezes de animal com pintas. Ou com pinta. E que também pinta, a lápis, o mundo visto de cima.
Podia ainda ignorar e continuar à procura, mas todos os dias me fazem questão de lembrar que o Brasil só foi descoberto uma vez. Antes foram tentativas, depois foram cópias de uma viagem que presumo ter sido especial.
Podia guardar (isto) numa caixa e fechá-la para (isto) nunca mais fugir,mas não tenho caixas que guardem coisas que crescem.
Vou guardar antes as voltas dadas e marcar os ângulos que a história girou como um compasso nas mãos de um escritor cansado de letras e fascinado por desenhos.
Vou levar comigo a folha já escrita e deixar um monte em branco. Daqui a uns tempos volto a fazê-lo de novo.
Permite-me que diga obrigado. Um obrigado diferente, que engloba todas as particularidades de uma história também ela diferente.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Tudo

O mundo está a 200 à hora numa localidade e eu não vejo policia para o multar, semáforo para o parar ou obstáculo para o abrandar. Ou um carro para mim. Para o acompanhar.

domingo, 7 de junho de 2009

Bússola

"Vira o teu rosto sempre na direcção do sol e, então, as sombras ficarão para trás."
Provérbio Chinês

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Diagonal

Quanto menos vejo melhor consigo ver.
Quanto mais vejo menos consigo ver.
É só mais uma vez em que
foges.
É só mais uma vez em que eu deixo.
Tu continuas por
perto.
Tu ficas sempre como estás.

domingo, 31 de maio de 2009

Friends

"So now you're back on your feet again
Now you're back to compete with men
Now you're back and it took some time
To get from misery to prime
Now you're back onto change the world
Now you're back and I say : Go, Girl!
Now you're back and you do just fine
Cause after rainy days the sun will shine"
Millencolin - Fingers Crossed

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Sempre

Constrói timidamente um castelo e coloca a coroa por baixo do trono. Quando estiver pronto, senta-te e faz como te ensinaram: não olhes para baixo. Sabes que ela está lá, não precisas de a ver.
Não ponhas a primeira pedra. Começa pela segunda. Assim é mais fácil para quando quiseres deitar o castelo abaixo. Pode ficar grande de mais, mas não te assustes, só vai até onde deixares. E quando quiseres, ele cai. Quando cair, não fujas. Entra devagarinho por entre o que restar porque há algo que nunca se parte. Podes não encontrar à primeira, mas procura. Está sempre lá. Esteve sempre lá. Se não encontrares, constrói o castelo de novo. Volta a procurar. Vais ver o que deixaste de saber: a coroa está no mesmo sitio.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Tu és tu

"Sacou-me da corrente
Ensinou-me a ser diferente
Integro ou sozinho
Ou no meio de muita gente
Consciente do que queres
Nada se torna impossível

Visionas m*rdas à frente que te pareciam invisíveis
(...)
Se leres as entrelinhas da vida considera-te precavido
Não iludido
Como o resto do rebanho está
Foca bem a meta
Só tu podes chegar lá"

Sindicato Sonoro - Abram Alas

terça-feira, 19 de maio de 2009

Longe

Defines as linhas que traçam o horizonte do tempo que aí vem.
Caminha e corre e eu não consigo melhor do que dar passos atrás para ver sempre o mesmo desenho. Acenas ao longe e eu corro para ti. Foges pelos traços distantes do que quiseste que acontecesse.
Quantas voltas teremos que dar sairmos da imagem imaginada quando nada sabias?

"Sometimes I think this cycle never ends
We slide from top to bottom then we turn and climb again."

Death Cab For Cutie

terça-feira, 12 de maio de 2009

Volta em voltas

Subir.
Olhar em frente.
Preparar outra subida.
Aguentar.
Subir.
Sorrir.
Descer, se tiver que ser.
Perder o rumo.
Descer e ir à volta.
Não é por ser mais fácil.
É por ser diferente.
O mesmo rumo.
Caminhos diferentes.
Caminhares diferentes.
Aceita-os.
Vamos?

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Acima de tudo

Quando se começa a escrever uma história sabe-se sempre por onde começar?
Quando se escreve uma história conseguem-se imaginar todos os finais possíveis para depois escolher o melhor?
Há cenários que não se imaginam não há?
Ontem confirmei que o melhor escritor de sempre está muitos andares acima de nós e não costuma assinar no fim. As personagens sabem quem escreve a história e sabem que a escreve uma vez, nunca se engana e não lê o que fica para trás. Sim, é por isso que às vezes há histórias que parecem não fazer sentido.
Quem é ele? Não sei o nome certo. Tem vários.
Fotografia? Não existe nenhuma certa. Há várias.
Na minha cabeça ele tem uma caneta diferente na mão e uma folha do tamanho do mundo aos pés. Para escrever vezes sem conta. Mas nunca por cima do que foi escrito antes. E sempre sem se enganar. Mesmo quando as personagens não estão felizes com a sua história.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Alfaiate de coisa nenhuma

Como se cosem pontas soltas sem usar linha e agulha quando nem um rasgão se sabe coser?
Vi um olhar distante enquanto segurava a minha guitarra. Tentei apanhar as notas que se soltaram e escrever uma música para dar a quem fugiu por uma estrada desenhada em cima do joelho a lápis de cor. Consegui agarrar uma borracha. Juntei à caneta que me saiu do bolso para escrever a tinta permanente. Um dia escrevi com ela e nunca mais consegui apagar. Sem jeito para desenhar marquei dois traços paralelos no papel da minha vida e segui por lá. Disse bem alto "É um caminho". Ninguém ouviu.
A seguir apaguei aquele que alguém me desenhou sem aviso prévio nem pedido de licença enquanto eu estava de costas voltadas.
Tenho uma linha e uma agulha na mão. Invisíveis. Juro.
 

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Aqui tão perto

"Sentes que o tempo acabou
Primavera de flor adormecida
Qualquer coisa que não volta, que voou
Que foi um rio, um mar, na tua vida.


(...)


Sabes que o desenho do adeus
É fogo que nos queima devagar
E no lento cerrar dos olhos teus
Fica a esperança de um dia aqui voltar"


terça-feira, 28 de abril de 2009

Auto de Fé

"Eu sei que foi assim que te ensinaram a viver,
Mas não me venhas dizer que é assim que eu tenho que fazer
Mostras um sorriso quando sentes tanta dor
Dizes que está tudo bem, eu noto um tremor
Nesses olhos mais expressivos do que mil frases
vejo frustração em tudo aquilo que tu fazes
Vives em função da opinião de alguém
que provavelmente nem conheces muito bem

Essa moral que não praticas mas edificas,
há-de fazer contas contigo pelas vidas que complicas
Pára para pensar no verdadeiro crime,
quando matas à nascença um sentimento tão sublime
Como a semente da paixão que tanto negas
se não praticas o que pregas, de que valem essas regras?"

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Vi(r)agem

Estação dos momentos que existem e ninguém explicou porquê.
Bilhete para a viagem que não se pediu para fazer.
Comboio de palavras que levam o que não se quis saber.
Sentimentos que descarrilam e se cruzam adiante na confusão dos caminhos onde me perco todos os dias.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Envelope sem selo

Pai, hoje esteve sol e eu senti-me frio.
Ontem não vi o sol mas senti-me quente.
Lembras-te quando nevou? Fui brincar e derreti neve nas mãos.
Assustei-me e não disse a ninguém.
Queria explicar tudo, mas perdi a lógica. E a lógica perdeu-me a mim.
Vou entregar a carta no correio e não vou pôr a morada, como tu me pediste.
Acreditas mesmo que a carta te vai chegar?
Eu vou esperar pela tua resposta. Também quero acreditar no mesmo que tu.
Que não precisamos de saber o porquê de tudo o que fazemos,não é Pai?
Que mesmo sem dar destino às coisas elas acabam por chegar. Ao destino.
Não é Pai?

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Para quando puderes

Há coisas que por vezes não vemos, coisas que por vezes não sentimos, coisas que por vezes não gostamos e outras que não nos dizem nada. Num dia é assim.
Só porque sim, em outro qualquer dia acordamos e conseguimos ver o que antes não víamos, sentir o que antes não sentíamos e gostar do que antes não gostávamos. A mesma coisa, no mesmo sítio, mostra-nos tudo o que antes não mostrava. Em silêncio, sem fazer por isso, sem pedir nem dizer "olha para mim". Se calhar contra vontade própria, passa a ser notada e apreciada. Há quem diga que é do estado de espírito. Alguém levou o estado do meu.

Hoje ouvi algo que já não ouvia há muito e que provavelmente nunca me fez sentido. Hoje, só porque sim, entrou-me pelos ouvidos e foi dizer um "olá" ao meu cérebro que aceitou a simpatia e me fez gostar do que ainda ontem não existia.

A mensagem é simples...

"No fim acabas só tu, como no começo.
Enfim, pisas o chão, dás mais um ou outro passo.
Olhas o céu, como outros olham o teu.
O mesmo.
Porque é que fingem que nada aconteceu?"
Mind da Gap - Atitude Construtiva

...para quem hoje esteve a olhar o mesmo céu que eu.