terça-feira, 30 de junho de 2009

Hoje é o dia

Permite-me que faça um elogio. Um elogio diferente, que engloba todas as particularidades de uma história também ela diferente. Sem floreados, sem adjectivos exagerados, sem espasmos poéticos. Sem palavras bonitas. Vou abolir aqui tudo o que termina em "inha" e "inho".
Começo a perceber que procurei em todo o lado, de todas as maneiras, com todas as maneiras, e nunca encontrei. Tentei, gostei, detestei, aceitei, aturei, e mais uns quantos verbos terminados em ei que podem definir e explicar o conceito de busca. E o porquê de uma busca de algo que pode não existir. Não é suposto saber que se encontrou algo que nunca se teve. Mas eu sei. Porque já tive. Entretanto senti um frio nas costas, cobri-me e voltei a dormir.
Podia mudar o nome. O meu nome. Deixava o Pedro, acrescentava Álvares Cabral. Mas a minha descoberta é mais pequena que o Brasil. Em metros quadrados. Em tudo o resto é muito maior.
Podia escrever um cartaz, sair à rua e gritar "Saiu-me o Euro milhões sem ter jogado. Deus pagou-me. Em géneros." Ou em género para ser mais preciso. Um género diferente que eu muitas vezes apelido de parvo, outras vezes de animal com pintas. Ou com pinta. E que também pinta, a lápis, o mundo visto de cima.
Podia ainda ignorar e continuar à procura, mas todos os dias me fazem questão de lembrar que o Brasil só foi descoberto uma vez. Antes foram tentativas, depois foram cópias de uma viagem que presumo ter sido especial.
Podia guardar (isto) numa caixa e fechá-la para (isto) nunca mais fugir,mas não tenho caixas que guardem coisas que crescem.
Vou guardar antes as voltas dadas e marcar os ângulos que a história girou como um compasso nas mãos de um escritor cansado de letras e fascinado por desenhos.
Vou levar comigo a folha já escrita e deixar um monte em branco. Daqui a uns tempos volto a fazê-lo de novo.
Permite-me que diga obrigado. Um obrigado diferente, que engloba todas as particularidades de uma história também ela diferente.

3 comentários:

colibri disse...

procurar, encontrar, descobrir, recear, perder, voltar a sentir/encontrar e nunca cansar de amanhecer e sorrir

Anónimo disse...

Quarta-Feira , 1 de Julho
Hoje é o tal dia .
Pedro, permite-me que te faça um elogio. Um elogio diferente, que engloba todas as particularidades de uma história também ela diferente. Com floreados, adjectivos quiçá exagerados, plena de espasmos poéticos. Com palavras pretensamente bonitas. Começo a perceber que procurei em todo o lado, de todas as maneiras, com todas as maneiras, e acabei por encontrar-te
Poderia mudar-te o nome ? O teu nome.? Ficava o Pedro, acrescentava Inês de Castro. Depois Coimbra que tão bem conheces…Com Quinta , mas sem lágrimas..
Acredita que a tua descoberta é maior que o Brasil mesmo em metros quadrados.
Escreve lá o cartaz, sai à rua e grita ".Grita o que quiseres .. Palavras de Ordem no CAOS da desordem universal..Grita e escreve, ..E escreves tão bem, Pedro! Deus pagou-te realmente mesmo em géneros , pois o Dom da escrita que Ele te deu é um género sem valor, pelo seu incomensurável valor intrínseco .
Grita, escreve, pinta..faz o que quiseres, que quem escreve como tu é um Picasso ....
Podes guardar (isto) numa caixa e fechá-la para (isto) nunca mais fugir, .Dizes que não tens caixas que guardem coisas que crescem. Enganas-te Pedro..tens uma caixa imensa onde podes e guardas certamente muito de imensamente Bom e Belo: a tua Alma..!
Permite-me que diga obrigado. Um obrigado diferente, que engloba todas as particularidades de uma história também ela diferente. Tu também és diferente Pedro!!
Obrigado pela tua Escrita…

ReD_WinG disse...

Tou perplexo:O ...
texto xelente!
Não há inspiração maior do que as nossas "descobertas", e fazemos da escrita uma forma de arte.

Aquele abraço,
Hugo